Por Tiana Dórea
E qual é a importância da gente falar sobre isso?
Segue o fio
As Olimpíadas são o maior evento mundial de 2024, onde o planeta e todos os olhares convergem para um só lugar: Paris - a grande vitrine de moda, diga-se de passagem. E para este momento de tamanho destaque, os atletas e equipes se preparam por anos, para dar o seu melhor e para representar o seu país, através de suas habilidades esportivas.
Que fique registrado: esse é o maior momento da vida de um atleta! O grau máximo de sucesso de sua profissão.
Diante de um evento dessa magnitude, é de se esperar que a visibilidade de um país a nível mundial seja potencializada, de forma majoritária - e óbvia - pelo desempenho esportivo. Mas pasmem: a representatividade tem um peso gigantesco e, a partir do momento que o atleta está representando o seu país, carregando uma nação inteira consigo, tudo nele deve comunicar confiança e orgulho. Com o uniforme não é diferente e é nele que são implementados os traços culturais de cada país.
E frente a essa situação, ficou impossível não olhar pros lados. Conheça algumas delegações cujas equipes conseguiram traduzir no uniforme este “orgulho nacional” para o mundo, desde a primeira impressão - e que neste quesito, já são as minhas favoritas.
Haiti
Stella Jean é a estilista responsável pelo design do figurino de todos os atletas haitianos. Jean comentou que na cerimônia de abertura, terá cerca de 2 segundos para deixar uma impressão no mundo, impressão essa que pode reverberar por muitos anos.
"Para esses atletas, é uma vitória só estar aqui", disse Jean, que se inspirou em obras de arte do também artista haitiano Philippe Dodard, apostando no design vivo e colorido para o país caribenho.
Mongólia
O uniforme da comitiva mongol - que é pura arte e já ganhou medalha de ouro nesse setor - foi desenhado pela marca de luxo nacional das irmãs Michel & Amazonka.
A delegação se apresentará em trajes de alta costura, apresentando sua riqueza cultural através de bordados com símbolos relevantes para a nação e que comunicam tradição, força, agilidade, poder, independência, unidade e triunfo, sem perder a “luz contemporânea”, como a própria marca, brilhantemente, sinalizou.
Austrália
Para o uniforme da Austrália, a empresa Sportscraft trouxe inscritos no forro dos blazers, os nomes de mais de 300 atletas australianos que já participaram das Olimpíadas anteriormente, garantindo não somente uma homenagem mas aquela bagagem histórica e ancestral que - dignamente - honra seus antececessores.
Canadá
A equipe da Lululemon, empresa referência atualmente em “active wear” e que vestiu a delegação canadense pela segunda vez, relatou que ouviu atentamente os atletas para saber como eles se sentiram com as roupas. "Quando você se sente melhor, você dá o seu melhor”, disse Audrey Reilly, diretora criativa da equipe do Canadá na empresa de roupas esportivas.
Brasil
Embora o traje brasileiro - honrosamente - tenha envolvido bordadeiras de Timbaúba dos Batistas, pequeno município do Rio Grande do Norte, o figurino pensado pela Riachuelo não teve uma direção criativa digna, um design atualizado, representatividade da pluralidade cultural do nosso país e, sendo sincera, não se adequa à grandiosidade de um evento como as Olimpíadas. Para mim, faltou responsabilidade com a dimensão do evento e com a própria delegação, que merece mais.
Este uniforme é mais do que uma roupa: é uma “bandeira” que se veste, é a representação de todo um povo e não, não podemos normalizar nem diminuir essa situação. É importante falar a respeito, para que saibam que estamos atentos e que queremos (e merecemos) o melhor para o nosso país, em todos os sentidos.
No momento, só nos resta torcer para que nossos atletas, diferentemente da Riachuelo, façam seu trabalho bem feito e tragam muito orgulho a todos os brasileiros.
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